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Mensagem para a Quaresma de 2025

Atualizado: há 2 dias

Estimados leitores.

No ano de 2014, escrevi uma mensagem para a Quaresma daquele ano, e revendo-a penso ser oportuno destacar um ponto que na mencionada mensagem trazia logo no início.

Não seria correto esquecermos que a quaresma não é um tempo isolado, que existe por si mesmo dentro do calendário litúrgico da Igreja, ela é uma longa preparação para o momento mais importante de nossa salvação: a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. (SILVA, Valderi, Mensagem para a Quaresma. https://www.valderi.com.br/artigo/mensagem-para-a-quaresma-de-2013 . 2014)

Parece incrivelmente fácil para o cristão transformar o período quaresmal em algo monolítico, como um bloco independente, que existe e sustenta-se por si mesmo. Na vida espiritual do cristão não podemos deixar que uma idéia como esta ganhe força ao ponto de calcificar-se em nosso espírito, pois este modo de considerar o período quaresmal, mesmo que inconscientemente, vai nos deixar estéril espiritualmente, nos deixando presas fáceis à tentação da mediocridade espiritual. Por isso, penso ser necessário considerar este ponto com grande atenção em nossa vida cristã.


Como fundamento básico da fé cristã está a ressurreição de Nosso Senhor, uma catequese básica que, mesmo mal feita, deveria ter deixado fixo esta resposta em qualquer cristão. A ressurreição é o fundamento de nossa fé (cf. 1Cor 15,14.17), sem esta certeza nosso “edifício” cristão logo racha e começa a desmoronar. É necessário afirmar e reafirmar isso, apesar de que cada vez que vamos na Santa Missa o fazemos junto de nossos irmãos na fé ("Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos, Senhor, a vossa morte, enquanto esperamos a vossa vinda!").


Paixão, morte e ressurreição. Três momentos de Nosso Senhor para o qual nos preparamos durante toda a nossa vida. Sim, durante toda a nossa vida, mesmo que saibamos que a intensidade desta preparação é localizada neste período que chamamos de quaresma. Por este motivo é que vamos entender que não se pode tratar o período quaresmal como algo “isolado”, algo existente por si mesmo na vida do cristão. Em realidade, o que se intensifica nestes quarenta dias antes da Páscoa é o que de modo mais sutil se tenta viver e refletir durante os demais dias do calendário.


Poderia dizer que a espiritualidade da quaresma é a própria espiritualidade da Igreja para o ano todo, pois o que ela busca fazer em nossa alma é o que precisamos fazer para a segunda vinda definitiva de Nosso Senhor, ou pelo menos para nosso encontro pessoal com ele após nossa morte para este mundo. Assim, a quaresma deixa de ser algo localizado no ano como uma festa ou uma espécie “novena” ou quarentena, com início, meio e fim, mas passa a ser a própria espiritualidade diária do cristão que vive para o encontro definitivo com o Senhor, sua salvação.


Alguém ainda duvida que devemos viver como quem corre a uma meta eterna (1 Coríntios 9,24)? Como alguém que vive com os olhos em Cristo todos os dias? Acredito que possa ter alguém que tenha dúvidas, mas estas as têm precisamente porque vivem uma quaresma pontual, com início, meio e fim, como algo a ser festejado, e depois esquecido até o próximo ano. Entendamos a importância para nossa alma, do fato de repensarmos como estamos olhando para a quaresma, como estamos vivendo esta espiritualidade. Aliás, poderíamos começar por sempre nos referirmos a ela como espiritualidade e não como tempo, para nos ajudar a desmanchar esta ideia delimitada de tempo específico no meio de outros tantos momentos diferentes durante um ano.


Por fim, podemos pensar nos santos, e não será difícil encontrar sinais em suas vidas desta compreensão expansiva da espiritualidade quaresmal em todos os dias de nossas vidas. É conhecida a ascese e a espiritualidade intensa de muitos deles, e será que nestas vidas santas não poderíamos entender sinais de uma vida mortificada, penitenciada, reconciliada e caridosa? Sem contar com a oração constante presente na espiritualidade quaresmal e igualmente na vida santificada de tantos santos conhecidos.


Sejamos nós os cristãos quaresmais, aqueles que não tratam os períodos litúrgicos como caixas delimitadas da própria espiritualidade cristã, que nos evolui e leva à salvação.

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Valderi da Silva

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